terça-feira, 29 de março de 2011

Vale a pena se casar?


Quem participou da Oficina do Pré-Matrimonial no Encontro de Coordenadores (dia 26 de março) gostou muito deste tema que refletimos. Conforme combinado postamos o texto na íntegra. Boa reflexão!


VALE A PENA SE CASAR?
Tradução adaptada do artigo de Tomás Melendo (Fonte: www.masteremfamilias.com)



Casar pra quê?
Muitos jovens não vêem mais razão alguma para contraírem o matrimônio. Outros encontram razões de sobra para simplesmente “morarem juntos”. Creio que estão equivocados, mas entendo perfeitamente que leis costumes sociais os desestimulem:
1. Admitir o divórcio elimina a confiança de que vale a pena lutar para manter o vínculo;
2. Aceitar que os “devaneios extraconjugais” são inevitáveis à nossa condição humana suprime a exigência da fidelidade;
3. e, finalmente, a difusão maciça e indiscriminada dos anticoncepcionais (unida à afirmação de que são inofensivos – espiritual, psíquica e fisicamente) desprovê os filhos de valor e relevância.

Onde foi parar a grandeza do amor conjugal, então? Indo contra todo este cenário aparentemente desolador ousamos afirmar sem medo: é impossível um homem e uma mulher se amarem verdadeiramente sem estarem casados!

Tornar-se capaz de amar
Em todos os âmbitos da vida humana é preciso aprender, capacitar-se. Por que no amor, a parte mais gratificante, decisiva e difícil de nossas vidas, seria diferente? Jacinto Benavente afirmava: “O amor tem que ir à escola.”. E é verdade. É imprescindível exercitar-se nas habilidades requeridas para se atingir um objetivo, como por exemplo, treinar e exercitar os músculos para ser um bom atleta.
Pois bem, o matrimônio nos capacita para amarmos de maneira real e eficaz. Nossa cultura não compreende o que é o matrimônio: o contempla como uma cerimônia pomposa, um contrato que, como qualquer outro, pode ser rescindido... Pobre visão! O matrimônio em sua essência mais íntima constitue uma expressão sublime de liberdade e amor. É o ato profundíssimo e inigualável pelo qual homem e mulher se entregam plenamente e decidem amar por toda a vida. Portanto, se não me caso, se me alijo desse ato de doação total, estarei impossibilitado de amar verdadeiramente o(a) outro(a).

Casar ou “morar junto”?
Não se tratam de teorias. O ser humano só é feliz quando se empenha em algo grande, que efetivamente compense o esforço. E o que há de mais impressionante que um homem e uma mulher possam fazer na terra é aprenderem a amar. Este deveria ser o nosso único empreendimento na vida; todo resto deveria ser apenas um meio para alcançar esta meta. Repetia São João da Cruz: “No entardecer da nossa existência, seremos julgados pelo amor.”. Se um casal simplesmente “mora junto” todos os esforços estarão voltados para se defenderem um do outro diante das inseguranças: o vínculo pode romper-se a qualquer momento; não tenho certeza, então, se o(a) outro(a) vai mesmo se esforçar seriamente para mantê-lo. Não posso “baixar a guarda”, revelar-me como realmente sou, nem me entregar totalmente; paira no ar o questionamento se o(a) outro(a) teria uma vontade firme ou me abandonaria quando viessem as dificuldades e as tentações... Condições como essas podem trazer a felicidade que tanto buscamos?

Amor ou papéis?
Muitos poderiam justificar-se: “O que importa mesmo é o amor.”. Está certo. Mas repetimos que não pode haver amor verdadeiro entre o homem e a mulher sem a doação total, mútua e exclusiva, isto é, sem o casamento. Os papéis, o reconhecimento social em si mesmos são secundários, mas se tornam elementos imprescindíveis enquanto confirmação externa e visível da entrega mútua que é interna e invisível. Por quê?
1. Do ponto de vista social, o matrimônio tem repercussões civis claras: a família é o ordenamento jurídico e o fundamento de uma sociedade saudável;
2. A dimensão pública do matrimônio religioso e civil é sinal concreto da enorme relevância que este tem para o cônjuges. É forma de dizer aos parentes e amigos: “Queremos compartilhar com vocês essa aventura autêntica e maravilhosa que mudará radicalmente nossas vidas!”.

Antecipar o futuro?
Diante do que já foi exposto, muitos podem se perguntar: “Como eu posso me comprometer para toda a vida se eu não sei como será o dia de amanhã? Como posso ter certeza da minha escolha?”. Ora, a liberdade traz consigo uma dose de risco. A única resposta possível a essas perguntas é: É impossível saber como será o futuro. Ele é indefinido por natureza.
E é justamente por isso que existem os tempos do namoro e do noivado. Períodos que nos oferecem a oportunidade de nos conhecermos mutuamente e começarmos a entrever como se dará a vida em comum. Por isso, precisam ser levados a sério. Já que nunca poderemos ter uma certeza sobre o futuro é preciso preparar-se usando todos os meios. Agindo com maturidade e comprometimento nesse tempo conhecimento mútuo será difícil, quase impossível, que o matrimônio fracasse.

Observar e refletir
Certamente essa decisão radical não basta para dar um passo de tanta transcendência. Há que se considerar também alguns traços do futuro cônjuge. Quais? Primeiramente, é preciso dizer que, ao contrário do que hoje prega o senso comum entre os jovens, a viabilidade de um matrimônio não se conhece tendo relações íntimas no tempo do namoro ou noivado. Este tipo de comportamento cria uma situação artificial frontalmente distinta do tipo de amor que se requer no matrimônio.
Os traços que devem ser considerados são outros:
1. Eu “me vejo” vivendo o resto da minha vida com aquela pessoa, mesmo quando ela faz algo que não me agrada muito?
2. Como age esta pessoa em seu trabalho, com os colegas, como trata seus familiares e amigos?
3. Esta pessoa é capaz de controlar seus impulsos, inclusive sexuais (do contrário, o que me assegura que será capaz de controlar-se depois do casamento?...)?
4. Esta pessoa desperta em mim o desejo de que meus futuros filho sejam parecidos com ela?
5. Reconheço claramente que ela zela por meu bem, meu bem real, mesmo quando isto lhe custa algum sacrifício?

São perguntas simples, mas que ajudam a prever como poderia ser uma possível vida a dois. Se o(a) outro(a) em casa, no trabalho, com seus amigos se porta como egoísta ou como um déspota, se não se importam com o bem dos que o rodeiam, tudo me indica que também não se comportará assim... na cama...

Relações anti-matrimoniais
Uns podem questionar: “A necessidade de conhecer-se não aconselharia morar juntos um tempo para ver se vai dar certo?”. Bom, já está estatisticamente comprovado que o contato sexual e a convivência antes do matrimônio nunca produzem efeitos benéficos, nunca! O número de separações dobra e os jovens se tornam mais possessivos e inseguros em todos os seus futuros relacionamentos. Mas... por quê? Não é tão difícil assim intuir a causa mais profunda.
O corpo humano, no sentido mais profundo, é pessoal. A sexualidade sabe falar um único idioma: o da entrega plena e definitiva. Ao manter uma vida sexual antes do matrimônio, o casal vive numa contradição ao expressarem uma realidade com seus corpos e outra com suas vidas. Surge, assim, uma ruptura no homem e na mulher, manifestada psiquicamente por uma afã de segurança obsessivo e angustiante, cortejado por receios, temores e suspeitas que acabam por envenenar a vida em comum. Consequentemente, ao se sentirem mal, o casal busca um novo “estar junto” através do sexo. A calma momentânea, logo faz a insegurança vir com mais força e vem a vontade de “outra vez estar junto” para compensar o mal estar interior, alimentando o círculo vicioso que quase sempre culmina com a separação. Por isso, eu as chamo de relações anti-matrimoniais.

Para conhecer-se de verdade
É ingênua a pretensão de avaliar a viabilidade de um matrimônio pela “capacidade sexual” dos seus componentes. Como se toda uma vida em comum pudesse depender ou sustentar-se por atos que, em condições normais, duram poucos minutos. A maneira mais eficaz de conhecer o futuro cônjuge é observá-lo em todos os aspectos da sua vida, principalmente naqueles que nos dizem respeito diretamente. Se nas diversas situações se mostra amável, paciente, desprendido, honesto... posso me assegurar que terá a mesma atitude nas relações íntimas. Criar uma vida sexual artificial nada terá de real a me revelar. A vida no dia-a-dia me ensina mais do que a vida na “noite-a-noite”.

Experimentar as pessoas?
Podemos ir ainda mais profundamente. Não é nada honrado experimentar as pessoas, como se faz um “test drive”com um carro. A pessoa humana é algo tão grandioso que só pode ser venerada e amada. Sujeitar alguém a relacionamento que gera estado permanente de tensão se opõe frontalmente ao amor incondicional que é a base de qualquer matrimônio.

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