sexta-feira, 23 de outubro de 2009

SEMANA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR - FORMAÇÃO 3

Métodos Contraceptivos x Planejamento natural da Família (D. Antônio Augusto Dias Duarte)

A Igreja é perita em humanidade e muito do progresso que ela já conseguiu foi graças a isso. E ao passo de Deus de Deus (e não ao dos homens), ela anuncia Deus feito homem e, a partir desse referencial, anuncia ao homem o que é ser homem. Devemos ter muito orgulho de ser Igreja que é esta mãe que nos gerou para Deus. Devemos mostrar aos outros a beleza da nossa mãe. E não supervalorizar os seus defeitos (que, de fato, não são propriamente da Igreja, mas nossos), pois essa atitude não faz bem nem a ela e nem á humanidade.
Não vivemos num mundo ascético. Somos filhos da nossa época e herdeiros das épocas passadas. Além de sermos filhos da Igreja, somos herdeiros das seguintes correntes que deixam em nossa mentalidade marcas bastante profundas:
1) Iluminismo – damos muito valor á nossa própria inteligência, por isso, achamos que temos sempre razão.
2) Positivismo – quando se exalta a razão, a verdade predominante é a científica, ou seja, só tem valor aquilo que pode ser comprovado por nossa inteligência prodigiosa.
3) Idealismo – a razão deve ser a determinação dos nossos atos. Portanto, o que eu penso é o ideal.
4) Marxismo – prega um regime materialista e ateu, já que, acima da razão nada mais existe.
Todas essas filosofias geraram nos seres humanos um processo de autonomia diante...
... da fé (Iluminismo),
... da ética (Positivismo),
... da verdade (Idealismo)
... e de Deus (Marxismo)
A Igreja não ficou imune. A Teologia da Libertação foi um exemplo dessas influências. Precisamos ter bem claro de que a consciência, quando bem formada, pode fornecer boas regras para a ação humana, mas a regra absoluta é Deus! Ele é a verdadeira referência!
O vértice dessa herança é a absolutização do ser humano (“Sereis como deuses...”). O homem passa a ser o criador. Ele pensa ser o único ator e espectador dos seus ator, mas, na verdade, é usurpador do poder de Deus.
Nenhum de nós está igualmente imunizado contra esses pensamentos. Somos mais ou menos atingidos pelo “Tsunami” da civilização que ataca principalmente a família, e mais ainda, o seu núcleo: a aliança matrimonial.
Uma aliança divina e humana em que o homem se compromete com a mulher, a mulher com o homem e os dois com Deus. Essa aliança é anterior a todas as outras e dela dependem a estabilidade familiar, a justiça, a paz, a harmonia da sociedade... Ela é fator decisivo para o progresso da humanidade. Pela união matrimonial o casal se torna uma só força, um só projeto de vida, uma só luz a iluminar este mundo envolto em trevas
Isto nos convida, então a pensarmos sobre um PLANEJAMENTO NATURAL E SOBRENATURAL DA FAMÍLIA. Nosso exemplo é o próprio Cristo, que se intitulou Caminho, Verdade e Vida. O Caminho de Jesus começou na aliança matrimonial de Maria e José, porque o ventre de sua mãe se abriu à Verdade, que gerou a Vida do Filho de Deus! Cada casal é chamado a ser continuador e anunciador dessa trilogia sobrenatural.
Nesse sentido vemos que o os métodos contraceptivos não atacam diretamente a vida, mas oi ato que é capaz de gerar a vida. Um exemplo disso, é o “coito interrompido” que, mesmo sem usar nada de artificial, não é nada natural.
Todos os métodos contraceptivos não são condenáveis simplesmente por um antagonismo Bem X Mal, mas porque, em sua natureza, promovem a separação “daquilo que Deus uniu” (cf. Mt 19), ou seja, dissociam o amor da vida! É preciso mostrar a verdade. Isto não é condenatório, mas esclarecedor: quem o usa pode ter o perdão de Deus, mas não podemos esconder que são pecados mortais, porque vão frontalmente contra a ordem divina “Uma só carne...”.
O médico Luiz Décourt, em seu escrito “A Dimensão Humanística” em uma citação nos diz:
“Para encontrar uma [a verdade científica], assim como para descobrir a outra [a verdade ética] seria imprescindível o esforço no sentido de libertar completamente o espírito do preconceito e da paixão. Seria forçoso atingir a sinceridade absoluta. É pela capacidade de não-aceitação de muitas verdades aparentes que inúmeras conquistas se fazem. Vede bem que vos aconselho a dúvida, não o ceticismo. O ceticismo nasce da incredulidade. Não deveis ser incrédulos.É nossa obrigação conhecer.”
Vale a pena alguns comentários e observações:
- O casal deve ter essa sinceridade absoluta diante do projeto de Deus para a sua família.
- Verdades aparentes: “é melhor ter pouco para educar melhor”, “o dogma dos dois filhos”, “não é bom trazer mais crianças para sofrer neste mundo tão cruel”
- Um exemplo da dúvida sadia vemos em Nossa Senhora querendo saber: “Como se fará isso, se não conheço varão?”. Ainda há pessoas que não duvidam que podem ter mais!! Que enxergam que é possível viver, não como antigamente, mas como Deus quer!
Vamos a uma adivinhação:
“O que é, o que é que não deixa entrar?” – A contracepção.
“O que é, o que é que não deixa sair?” – O aborto.
“O que é, o que é que não deixa continuar?” – A miséria.
“O que é, o que é que não deixa terminar?” – A eutanásia.
Uma é um degrau para subir à outra. E todas ferem igualmente a vida, maior patrimônio da humanidade. Usar métodos contraceptivos já é um aborto no coração e na vontade. A vida banalizada não tem como seguir bem, nem como terminar com dignidade para que se possa dizer: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.” Por isso, insistimos na visão ampla do planejamento natural e sobrenatural da família.
Um filósofo pagão chamado, Alexandre, dizia: “Platão é muito meu amigo; mas a verdade também o é. E, entre os dois, eu escolho a verdade.” Precisamos resgatar a VERDADE do amor matrimonial, comunhão de vida. Quando se transgride com a Verdade, vive-se na mentira e quando se transgride com o amor, vive-se o hedonismo e à luxúria, quando se transgride com a vida, temos a cultura da morte.
(Notas dos assessores arquidiocesanos Ronaldo e Tatiana)

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