terça-feira, 27 de outubro de 2009

SEMANA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR - FORMAÇÃO 7

“Casamento e família em busca de uma espiritualidade sadia, forte e encarnada” (Dom Antonio Augusto Dias Duarte)



Disse Madre Teresa de Calcutá, no Congresso das Famílias de 1980:

“Quando olhamos à nossa volta vemos tanto sofrimento, tanta injustiça, tanta amargura, e tudo começa na família. Posso até estar enganada, mas creio que todos os distúrbios existentes acontecem porque há distúrbios na família. Se o amor realmente começa em casa e, se nos amamos uns aos outros, então haverá paz.
E aqui vem um fato que é realmente comovente. Nunca esquecerei uma noite em que um homem veio à nossa casa e disse: “Há uma família hindu com oito filhos. Estão há muitos dias sem comer. Façam alguma coisa por eles.” Peguei um pouco de arroz e fui vê-los.
Quando cheguei à casa, situada na periferia da cidade, pude ver os rostos famintos das crianças. Seus olhos brilhavam de fome. Dei o arroz para a mãe. Ela o pegou, dividi-o em duas metades e saiu. Fiquei com as crianças. E quando ela voltou perguntei aonde tinha ido. Ela me deu uma resposta muito simples: “Eles também têm fome. Os nossos vizinhos aí ao lado, uma
família muçulmana, estão há dois dias sem comer. ”
Ela sabia que eles também estavam passando fome, e, apesar da sua própria fome, apesar da fome dos seus filhos, teve amor e coragem para compartilhar. Não me surpreendeu que ela tivesse dado a metade a eles. O que me surpreendeu foi o fato de ela saber que seus vizinhos passavam fome.”


E nós? Conhecemos realmente o próximo? Temos prestado atenção nele? Se quisermos se realmente portadores do amor de Deus e proclamarmos sua Boa Nova ao mundo, à sua própria família e também um ao outro temos que seguir a Palavra de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros.” (cf. Jo 15).
Fomos criados para amar e ser amados. Deus não precisaria criar nada. Cada coisa e pessoa criada é um bem, um dom gratuito, fruto do seu infinito amor. E, a partir do momento que uma pessoa é concebida, estamos diante de um bem divino. O filho é um dom para o casal. E esse dom vem, porque antes Deus já havia dado outro dom à mulher, que é o marido. N casal, um é um dos de Deus para o outro. E o filho é um dom para ambos. E esse Deus que ama é o mesmo Deus que chama: chama à santidade.
No Encontro Mundial das Famílias, no dia 14 de outubro do ano de 2000, em Roma, João Paulo II dizia que: “Os filhos: a primavera da família e da sociedade”. Podemos interpretar “primavera” com o sentido de renovação, mas também no sentido de primeira verdade da família, o primeiro sinal do amor esponsal. Quem é o primeiro filho no casamento? O marido. E a primeira filha? A esposa. Por isso, o ato sexual, até mesmo nos dias inférteis, pode ser fecundo se gera mais laços de amor. Inclusive após a menopausa, continua sendo um ato unitivo e procriativo nesse sentido. Isso reflete positivamente: os bons filhos, serão excelentes maridos e pais. E continua o papa:

“Não são precisamente os filhos quem examinam continuamente os pais? Não só com os seus freqüentes “por quês?”, mas também com o seu rosto. Às vezes sorridente, às vezes velado pela tristeza. É como se todo o seu modo de ser refletisse uma interrogação que se expressa de formas diversas, inclusive com seus caprichos, que podem incluir pergunta como essas: “ Mamãe, papai, vocês me querem? Sou de verdade um dom para vocês? Vocês me acolhem pelo que eu sou? Vocês se esforçam por buscar sempre o meu verdadeiro bem?”

Qual seria, então, o maior bem para os filhos? VER A SANTIFICAÇÃO DE SEUS PAIS NO AMOR CONJUGAL. Exemplos disso, encontramos nos pais de Santa Terezinha do Menino Jesus, que já foram beatificados e o casal Paquita e Tomás, que estão em vias de santificação. Em sua oração para devoção privada, lê-se:

“Deus Pai, que enchestes de graças os teus servos Paquita e Tomás, para que vivessem cristamente o seu matrimônio e suas obrigações profissionais e sociais, envia-nos a força do amor, para sabermos difundir no mundo a grandeza da fidelidade e da santidade matrimonial, digna de glorificar os teus servos. E concede-nos, por sua intercessão, o favor que pedimos(...) Assim seja.”

Exemplos como esses provam que o amor dá coragem suficiente para compartilhar uma vida e um destino, como também dizia Madre Teresa. E esse amor que mostramos ao mundo, é o sinal visível do amor invisível de Deus. Esse amor casto, fiel, singular, fecundo constitui a matéria da santificação do casal.
Sem dúvida, uma das formas mais eficazes de alimentar e fazer amadurecer o amor conjugal é pela Eucaristia. Ao se doarem um ao outro integralmente, o casal repete o gesto de Cristo pela humanidade: “Isto é meu Corpo que será entregue por vós.” A Eucaristia fecunda a Igreja e o mundo, alimenta-os com todos os dons, principalmente, o da unidade. Dela vem todas as graças necessárias para nos santificarmos.
O amor, a doação total do ser e do poder ser (ou seja, de todas as nossas potencialidades) é o melhor método de planejamento familiar. É o amor esponsal que, como um maestro, vai regendo todos os instrumentos da orquestra da vida: os instrumentos profissionais, sexuais, psicológicos, etc.
Na encíclica Deus Caritas Est, Bento XVI ressalta que o amor entre o homem e a mulher é o arquétipo de todos os tipos de amor, do que é verdadeiramente o amor, por excelência. O verdadeiro amor se reconhece com um paradoxo evangélico: só se é verdadeiramente feliz quem é capaz de renunciar á própria felicidade, por amor a Deus e ao outro. “Quem quiser ganhar sua vida, vai perdê-la, mas quem perder a sua vida por causa de mim, vai ganhá-la.”, disse Jesus. Renunciar não significa uma anulação, mas uma revisão nas prioridades: em 1º lugar está Deus, em 2º lugar, o outro, e, em 3º lugar, eu. E este outro, engloba, sem dúvida, a família: primeiramente o amor exclusivo ao cônjuge, seguido do amor pelos filhos.
Não viver a castidade matrimonial é pecar não apenas contra o 6º, mas também contra o 7º mandamento, porque você usurpa aquilo que é do outro por direito. Ainda o papa Bento XVI, na encíclica Caritas in Veritatis, uma carta de assuntos econômicos, mas que diz no seu primeiro capítulo:“Antes de dar ao outro o que é meu, eu devo entregar ao outro o que é dele.” Ou seja, antes de dar ao outro o que é meu -- o que seria uma prova de doação total – eu preciso dar-lhe o que é dele por direito! Viver um planejamento familiar de forma egoísta é roubar o direito de se viver a paternidade e a maternidade responsáveis, por exemplo. Negar ao ato íntimo sem um motivo justo, usar pílula, camisinha, fazer laqueadura é apropriar-se do seu corpo, que não lhe pertence mais: pertence ao outro!
O ato conjugal bem vivido não só é lícito, mas também é santo, nos une mais a Deus. Não é única via de santificação do casal, mas com certeza, é a que reflete de modo mais concreto a entrega de um ao outro, como a de Cristo por sua Igreja. A vivência da castidade, nos impele todo o tempo a nos questionarmos: “Até onde podemos ir?”
Devemos ter a coragem de ser santos e propor a santidade aos jovens. Devemos ter o amor e a coragem para compartilhar, para sermos mestres de santidade para nossos filhos.


(Notas dos assessores arquidiocesanos Ronaldo e Tatiana)
MAIORES INFORMAÇÕES SOBRE O CONGRESSO NOS SITES:

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